Memórias Africanas: Testemunhos da Escravatura | Arquivo Histórico Ultramarino
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21 de Fevereiro de 2017

Memórias Africanas: Testemunhos da Escravatura

Modo de lavar os Diamantes

O Arquivo Histórico Ultramarino associa-se, com este documento, ao projeto “Memórias Africanas: Testemunhos da Escravatura” do Gabinete de Estudos Olissiponenses, no âmbito da iniciativa Lisboa, Capital da Cultura Ibero-americana 2017.

É um entre milhares de documentos do AHU relevantes para a recriação do tráfico e da vida, na sua dureza e complexidade, dos cerca de 4,5 milhões de escravos obrigados a atravessar o Atlântico, desde África até ao Brasil, entre os sécs. XVI e XIX. Recriação esta que pode contribuir para o entendimento de fenómenos atuais de rejeição e aproximação entre culturas, sociedades e pessoas diferentes.

 

Modo de lavar os Diamantes

Sob o alpendre, escravas africanas lavam diamantes, vigiadas por um feitor. A singeleza do desenho, feito com o objetivo de ilustrar junto das autoridades portuguesas em Lisboa o processo de extração dos diamantes contrasta, mesmo que involuntariamente, com a crueza do trabalho escravo.

[Brasil, Minas Gerais,Tejuco / Diamantina, ca. 1775].

Manuscrito, aquarela e nanquim, colorido, 17 x 22 cm.

PT, AHU, ICONm, 011, D, D. 97

Anexo ao ofício do Intendente Geral dos Diamantes, João da Rocha Damas e Mendonça, para o Secretário da Marinha e dos Domínios Ultramarinos de Portugal,  Martinho de Melo e Castro, remetendo este e outros documentos, sobre os habitantes da Demarcação Diamantina e a forma de extração dos diamantes. Tejuco, 15 de Fevereiro de 1775.

PT, AHU, CU, 011, Cx. 108, Doc. 9

Transcrição das legendas

Declaração do Mapa em fronte:

Nº 1 Casa da Vigia, que fica fronteira à lavagem

Nº 2 Casa da Lavagem

Nº 3 Assento onde estão os Feitores que vigiam a lavagem

Nº 4 Monte de cascalho às cabeceiras das canoas para se lavar

Nº 5 Negros que lavam os Diamantes cada hum em sua canoa e cada Branco vigia oito

Nº 6 Tanque onde cai água das canoas e as areias que nele ficam tornam-se a lavar

Nº 7 Cascalho que se lança das canoas que também se torna a lavar

Nº 8 Rego que conduz água para as canoas, e se introduz em uma bica de madeira coberta que passa por todas as canoas, tendo nas cabeceiras de cada uma um buraco com um torno, para quando se quer parar.

Constam comumente as lavagens de cinco brancos, que cada um vigia oito Negros como já ficou dito; há outras de menos gente, e algumas também de mais; há também serviços de duas e mais lavagens, conforme os paiões de cascalho, e as conveniências.

Esta notícia foi publicada em 21 de Fevereiro de 2017 e foi arquivada em: Documento em Destaque.